são Paulo – dia 1

Eu começo este diário olhando para o branco do meu calendário. Até poucos dias estava empolgada e aflita com todo o trabalho que teria neste próximo mês. Ensaios, leituras, aulas, performances, tudo parecia muito, tanto, mas também era uma sensação boa de início de ano promissor. Há anos estou desejando um calendário assim, cheio de datas ocupadas por trabalho.

Agora tudo está em suspenso. Sem ao menos sabermos SE e QUANDO voltamos a nos matar de trabalhar, gastar, poluir. A sensação é que o vírus nos obriga a olhar para nós mesmos. “O que estamos fazendo? O que de fato queremos e precisamos para viver?” A notícia de que talvez esta seja uma situação que pode durar meses e meses me tirou o chão. O que será de mim se não houver um outro aqui? Até quando poderia aguentar sem u toque? Se Sartre acha que o inferno é o outro, eu peno que o contrário não é verdadeiro: com certeza o meu céu não está em mim.

Libre et égale à pied

J’ai enfin pris l’initiative de me balader ce deuxième jour de confinement. On n’a pas le droit d’être loin de chez soi sans motif. Tant mieux, de toute façon ce n’est pas mon habitude de marcher toute seule pendant longtemps.

En faisant le tour du pâté de maison j’ai senti une liberté de marche venant du fait qu’il n’y ait personne à part moi. 200 m après je vois deux jeunes dames discuter avec au moins 2 mètre de distance entre eux. Plus tard, deux vieilles l’une sur une trotoire l’autre en face se moquant de leur proximité. L’absence de foule me plait énormément. Plus je ne vois personne, plus augment mon envie de marcher.

Il n’y a rien à craindre comme dans un film d’horreur american genre “walking deads”. Ca me rassure que le confinement soit imposée à tout les citoyens sans discrimination. On pense notamment aux enfants et les personnes âges. Pas de classe sociale mais la fragilité physique est prise en compte.

Un sentiment d’être à la fois libre et égale avec tous les autres.