la cabane

Ce matin, le balcon. 

L’ailleurs est ici. 

La giroflée, venue de Noirmoutier, m’emmène au bord de la mer. Outre son odeur douce et épicées, je sens les feuilles de cupressus sur le sable humide. Elle me rappelle l’enfance, les vacances de printemps, les grandes ballades et un autre confinement, celui de ma cabane. Dans ce petit endroit, isolé du monde, je pouvais inventer mon univers.

São paulo – dia 14

31.03

Não sei como o tempo passou, mas ele passou. Este último final de semana foi duro. Diversas crises de choro, com a certeza de que eu estava doente, infectada…

Hoje passei o dia faxinando. Queimei o dedo e percebi que o confinamento poderia ser pior, caso não tomasse cuidado – a casa é cheia de armadilhas. Passei o dia ruminando tudo isso. Não tive vontade nem energia para trabalhar. Não consegui ser disciplinada com a rotina. Quase não entrei em redes sociais.

Foi um estranho silêncio esta terça-feira. Não sabia o que queria fazer: ler um livro, escrever, assistir algo, trabalhar? O que significa trabalhar nesta situação?

Não conseguia nomear meu desejo, e passei a tarde sem rumo ou destino. Derivando na casa como um corpo leve, que se move sem qualquer motivo aparente, apenas com o corpo do vento. Me sentia transparente e vazia. Não consegui escrever a tarde toda.

Agora são 19h e me sentei finalmente em frente à mesa onde fica meu caderno. Tive coragem de abri-lo. A ponta do dedo indicador esquerdo ainda dói – da queimadura – uma enorme bolha protege o local queimado. A bolha é uma maneira do corpo de permitir que a pele se recomponha. Eu tento pensar se essa cicatriz, essa bolha, pode se tornar uma metáfora para algo. Mas não encontro figura de linguagem ou poesia no dia de hoje.

O meu mundo está mudo e surdo.