L., M. e B. estão na sala, lendo, fazendo siesta, ao telefone. Sinto uma necessidade imensa de me isolar. Fecho a porta e descubro um novo cantinho no quarto de 9m².
O quarto não é meu mas tem me recebido com muito calor durante o confinement. Penso o quanto gosto dele. Da estante de livros no nicho inclinado ; do poster Volver e da companhia da Pénelope ; da serigrafia Samba da Cassia ; das fotos da Derot e da Nicola, minhas anjas da quarentena ; da Marielle presente. Talvez o que mais me conforta é que toda tarde o sol entra direto alongando-se por toda a profundidade do quarto. Escrivaninha, cadeira, criado-mudo, cômoda, cama, chão. Ninguém fica isento entre umas 3 até umas 6 e pouquinha.
Desenrolo meu tapete de yoga entre a escrivaninha e a cama, caçando um pedaço de chão para receber o sol. Tiro a roupa, fecho os olhos, ponho um Caetano no celular e deixo um mar de lagrimas desaguar pelo meu rosto até encontrar meu pescoço. E permaneço, me perdendo no meu choro.
Confinamento : oportunidade de reinvenção, potência para criar ?
As vezes – muitas – a gente só quer mesmo é chorar profundamente.
* Ce dimanche de mélancolie, les mots me sont venus qu’en portugais.
Sorri ao ler teu post ! deu para sentir o sol tocar na pele e o olhar de todos os anjos que estão nas paredes… 🙂