dia 21.04
feriado. Acordei com o barulho da furadeira do vizinho. Não me sinto muito bem – parece que estou expelindo um cálculo renal. A dor não é forte, mas tenho medo de ter que ir a um hospital. Por enquanto, tudo sob controle.
Faz tempos que não escrevo… E eu não sei a razão pela qual não tive mais o impulso de escrever. O fato de ter me acostumado à situação do confinamento? Ou simplesmente por não ter mais novas ideias/situações/ hábitos para relatar?
Mas nesses idas fiquei pensando – e me preocupando – com a flexibilidade do ser humano. É como se fôssemos capazes de nos acostumar a tudo. Cheguei até a me perguntar sore o que vai ocorrer quando sairmos desse confinamento. Haveria alguma “sequela”? Será que, de repente, teremos dificuldade em nos adaptar à vida fora deste confinamento? Como será estar em uma multidão depois disso? O que será do toque alheio? O que sentiremos quando tivermos que nos deslocar pela cidade? Horas a fio nos transportes…. ?
A maioria quer acreditar que assim que as coisas “voltarem ao normal”estaremos sedentos por tudo isso que perdemos… Mas talvez nosso corpo e nosso afeto tenha perdido o costume de receber o “outro”. Tenham-se desacostumado com coisas que antes eram habituais.
Teria algo de irremediável nisso tudo?